Angelo de Paola participa de audiência pública na Câmara dos Deputados
Representando a SBC, o presidente da entidade falou à Comissão Parlamentar que
investiga a comercialização de próteses e órteses
O presidente da SBC, Angelo de Paola, esteve
em Brasília como convidado dos parlamentares para dar
esclarecimentos à CPI que investiga a comercialização de
próteses e órteses, instaurada depois de uma série de
reportagens exibidas no Fantástico da TV Globo.
Além de Angelo de Paola, estiveram na audiência pública o
representante do Conselho Federal de Medicina, Mauro Ribeiro; o
presidente da Associação Médica Brasileira, Florentino de Araújo
Cardoso; e o presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e
Traumatologia, Marco Percope.
Angelo de Paola fez uma explanação inicial de 20 minutos,
lembrando que as doenças cardiovasculares são as que mais matam
no país, cerca de 30% de todos os óbitos. Ressaltou que, até
2025, o Brasil continuará com índices elevados em mortes e será
líder mundial nesse ranking. O presidente da SBC mostrou números
de investimentos em saúde em comparação com o PIB e o quanto o
país está aquém em comparação com as demais nações. “A
responsabilidade e o financiamento público da saúde deixam a
desejar e são muito tímidos. Em um país com dimensões
continentais, 73% dos brasileiros dependem do SUS e precisam de
atendimento com mais qualidade”.
Mercado de R$ 4 bilhões
O presidente da SBC destacou que a entidade representa 14 mil cardiologistas e promove muitas ações para a educação médica continuada. “A
estrutura científica da SBC é departamentalizada e
cada subespecialidade estuda uma área específica da Cardiologia. Nós investimos o máximo na educação continuada, na formação e na reciclagem. Com a telemedicina conseguimos fazer cursos a distância, cursos de Treinamento em Emergências Cardiovasculares com tecnologia nacional, temos uma revista científica de excelência, além de Registros Cardiovasculares com dados brasileiros”, informou aos parlamentares presentes.
Angelo de Paola apresentou números sobre o mercado de próteses e defendeu que, por ser
muito grande, precisa de regulação. “É um setor que movimenta R$ 4 bilhões, segundo dados do próprio Ministério da Saúde. É necessária uma gestão que financie adequadamente, quantitativa e qualitativamente esses recursos, para que a gente não tenha problemas como os que vivemos recentemente”, explicou.
Protocolos e regulação
“Sou médico há quase 40 anos e vivi o drama das próteses e suas dificuldades, principalmente em hospitais públicos, com stents, desfibriladores, entre outros. É importante deixar claro que em diferentes estágios de desenvolvimento algumas próteses são melhores do que as outras e somente a regulação e protocolos poderão clarificar essa questão”, esclareceu o presidente da SBC.
Angelo de Paola agradeceu o convite e disse ser muito positiva a existência da CPI para olhar para uma questão tão importante. Lembrou que os médicos não podem ser rotulados por casos pontuais de erros e falhas. “O profissional que colocou mais próteses do que deveria em um paciente é doente. Protocolos de qualidade assistencial muito bem estudados têm que estar mais presentes nos serviços médicos para que tenhamos menos dúvidas no exercício da que profissão. É preciso capacitar inclusive integrantes do governo para essa mudança de paradigma”, completou.
Fonte: Jornal SBC 153 · Abril · 2015