Sociedade Brasileira de Cardiologia e as escolhas certas para a saúde do coração
A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) vem a público se
manifestar acerca de informações veiculadas na imprensa sobre
recomendações da entidade relativas à assistência cardiovascular
da população.
A SBC apoia o movimento médico mundial Choosing Wisely
(Escolhendo com Sabedoria), que se propõe a racionalizar o uso
da tecnologia em diagnósticos e tratamentos de saúde. Avalia,
contudo, que, considerando a grande diversidade de apresentações
clínicas no dia a dia da atenção médica, torna-se necessário, em
muitos casos, a individualização das condutas para o melhor
resultado.
Em relação ao tratamento da insuficiência coronariana, doença
causada por variados graus de obstrução das artérias que irrigam
o coração, e que representa a principal causa de óbitos no
Brasil e no mundo, a SBC, baseada em evidências científicas e em
suas diretrizes de orientação de condutas, reconhece o valor de
3 formas de tratamento: o clínico (medicamentos e adequações do
estilo de vida), o cirúrgico (operações, como de pontes de
safenas e mamárias) e o intervencionista percutâneo
(angioplastias com stents e/ou balões).
A decisão quanto à melhor estratégia de tratamento da
insuficiência coronariana, assim como de qualquer doença, deve
se basear na minuciosa avaliação dos dados clínicos e exames
complementares.
Sendo assim, a SBC, reitera e atualiza as recomendações,
baseadas na opinião de seus especialistas sobre alguns aspectos
da assistência cardiovascular.
- Não realizar, de rotina, intervenção coronária percutânea em
indivíduos assintomáticos e com boa função ventricular esquerda.
Nesta recomendação admite-se exceções à pacientes com obstruções
graves em tronco de coronária esquerda (principal artéria do
coração) e com obstruções em várias artérias concomitantemente,
mesmo em pessoas assintomáticas mas seja evidenciada isquemia
(falta de sangue) para o músculo cardíaco. Aqui também poderá
ser considerada a possibilidade de tratamento cirúrgico,
dependendo do caso. Reiteramos que quando bem indicados esses
procedimentos não apenas melhoram a qualidade de vida mas podem
também prevenir infartos do miocárdio e mortes.
- Não realizar abertura tardia de artéria relacionada ao infarto
em pacientes assintomáticos. Contudo reiteramos que o tratamento
para desobstrução das artérias coronárias, seja por medicamentos
ou por intervenção percutânea, são essenciais e reduzem a
mortalidade quando indicados dentro do período de tempo
adequado, geralmente nas primeiras 12 horas do quadro clínico.
- Não realizar pesquisa não invasiva de doença coronariana
obstrutiva (funcional ou angiotomografia) como exame
pré-operatório de cirurgia não cardíaca em indivíduos
assintomáticos e com capacidade funcional satisfatória.
- Não realizar escore de cálcio, um exame para medir a
quantidade de placas de aterosclerose, seriado como
acompanhamento da evolução de aterosclerose coronária subclínica.
- Não realizar ecocardiograma seriado para monitorização de
disfunção valvar discreta.
Novas recomendações consensuais deverão oportunamente ser
anunciadas.
Fonte: Sociedade Brasileira de Cardiologia