FÓRUM DISCUTIRÁ CHAGAS, QUE AINDA OCORRE EM 11 ESTADOS BRASILEIROS

A ocorrência de novos casos de Doença de Chagas, 453 em 11 Estados, registrados pelo Ministério da Saúde, entre 2005 e 2008, é um dos motivos que levou a SBC a convocar o “I Fórum Latino-Americano de Cardiopatia Chagásica”, que será realizado em Belo Horizonte nos dias 10 e 11 de dezembro, com a presença de especialistas de vários países.

“O fórum comemora o centenário da descoberta da Doença de Chagas pelo cientista brasileiro do mesmo nome”, explica o coordenador de Normatizações e Diretrizes da SBC, Jadelson Andrade, que é um dos responsáveis pelo evento. Ele será a oportunidade, porém, para discutir tanto a globalização da patologia, levada aos países desenvolvidos pelos imigrantes latino-americanos, como um fenômeno novo, os casos de Doença de Chagas Aguda, transmitida por alimentos contaminados por fezes do barbeiro ou de mamíferos infectados com a doença. A questão é mais grave, quando se sabe que, após intensa campanha, em 2006, o Brasil foi considerado oficialmente como país livre da contaminação através do inseto barbeiro, mas foi nessa época que a contaminação alimentar se expandiu.

Segundo os especialistas, até recentemente os médicos tinham que trabalhar apenas com chagásicos crônicos, usando recursos modernos para garantir tanto qualidade de vida como a postergação do óbito, problema relativo a alguns milhões de pessoas infectadas pela moléstia que ainda não tem cura.

A partir do início desse século, porém, passaram a ser registrados novos casos e de Chagas aguda, transmitida através de alimentos. “O pior é que, nesses casos, o óbito ocorre a curto prazo”, diz Jadelson, que cita a estatística oficial de 15 óbitos menos de 30 meses após a confirmação do contágio no Pará, Piauí, Santa Catarina, São Paulo e Bahia.

O ministério lista 125 casos em que os pacientes se contaminaram ao ingerir suco de açaí, 20 casos relativos a suco de bacaba e 30 casos decorrentes do consumo de caldo de cana, principalmente em Santa Catarina.

Foram 453 casos, entre janeiro de 2005 e dezembro de 2008, confirmados principalmente no Pará, 222, no Amazonas, 28, em Santa Catarina, 24, no Amapá, 21, na Bahia, 13, além de casos menos numerosos no Ceará, Maranhão, Mato Grosso, Piauí, São Paulo e Tocantins.

Os pesquisadores de vários países que estarão reunidos no Hotel Ouro Minas, em Belo Horizonte, terão como missão preparar a “I Diretriz Internacional para a Doença de Chagas”, explica Jadelson.

“A diretriz servirá para orientar os médicos brasileiros que muitas vezes só diagnosticam Chagas quando a doença está em estágio avançado, e que precisam estar alertas para os sintomas precoces, antes que se instale a insuficiência cardíaca, mas servirá também, através das versões em espanhol para oferecer importante apoio para os profissionais que trabalham com a doença na Bolívia, Venezuela, Colômbia e outros países do continente, da mesma forma que o documento, a ser vertido para o inglês, é importante para os médicos espanhóis, canadenses e norte-americanos que passaram a atender a casos da doença em imigrantes que chegam de países onde a Doença de Chagas é endêmica. Tanto é assim, que um dos maiores especialistas em cardiopatia chagásica que desenvolve o seu trabalho em avançado centro de pesquisa no Canadá, Carlos A. Morillo, estará presente ao evento.”

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Fonte: Assessoria de Imprensa
Jornalista Responsável: Luiz Roberto Queiroz