MÉDICOS DISCUTEM EM BLUMENAU EFEITO
DAS CATÁSTROFES SOBRE O CORAÇÃO
Todos os diretores da Sociedade Brasileira de Cardiologia estarão
reunidos em Blumenau a partir deste sábado, dia 16, para uma reunião que
tem duplo objetivo, provar que a cidade vítima de grave enchente no ano
passado tem plenas condições de receber e de promover eventos e para
discutir, pela primeira vez no Brasil, os efeitos das catástrofes e dos
atentados terroristas sobre o coração humano.
O evento, proposto pelo diretor de Diretrizes da SBC, Jadelson Pinheiro
de Andrade e pelo presidente da Sociedade Catarinense de Cardiologia,
Harry Correa Filho, repete o que o "American College of Cardiology" fez
em Nova Orleans, após o furacão Katrina, e terá como ponto alto a
conferência do cardiologista Sergio Timerman. Ele apresentará uma
análise científica dos índices de infartos, mortes-súbitas e derrames
que afetaram pessoas que estavam próximas física ou emocionalmente dos
grandes cataclismas dos anos recentes.
MORTE APÓS TERREMOTO
Timerman conta que trabalhos científicos realizados após terremotos
no Japão, depois que homens-bomba fizeram atentados em Israel e durante
e depois dos atentados contra as Torres Gêmeas, em Nova York, mostram
que aumentou em até três vezes o número de mortes.
Os médicos denominaram o efeito de "postraumatic stress syndrome" e os
estudos mostram que pessoas que assistiram às tragédias, parentes de
vítimas das mesmas e também os bombeiros e policiais envolvidos no
atendimento têm possibilidade maior de sofrerem morte súbita decorrente
de derrames ou infartos nos dias que se seguem à catástrofe. "O mesmo
deve ter ocorrido em Santa Catarina", afirma Timerman, mas ainda não há
dados disponíveis.
A conferência vai se centrar em quatro pontos, "pensando no impensável",
isto é, como se preparar para o que não pode ser previsto, as lições a
serem apreendidas, que Timerman detalha como a natureza revidando as
agressões que sofre e o próprio homem atacando seu semelhante, em
decorrência da intolerância religiosa. O terceiro ponto é a prevenção, o
que pode ser feito para evitar as catástrofes e, finalmente, o que o
estresse do desastre provoca no organismo, as anginas, arritmias,
infartos, derrames, cujas vítimas geralmente não são consideradas como
decorrência do cataclisma, mas certamente morreram devido a ele.
Para o presidente da SBC, Antonio Carlos Palandri Chagas, a apresentação
de Timerman é importante, porque simultaneamente com a reunião de
Diretoria, a SBC promove mais um evento de Educação Continuada, isto é,
um curso de atualização para os cardiologistas do Sul do Brasil.
"Eles vão passar por uma reciclagem durante a qual entrarão em contato
com as mais recentes técnicas e pesquisas da Cardiologia mundial", diz
ele, "e ao mesmo tempo serão alertados para os efeitos colaterais dos
desastres como o que vitimou Santa Catarina" que, para o médico,
felizmente e graças ao esforço da população do Estado, está conseguindo
deixar o trauma para trás e seguir em frente. "O coração agradece",
conclui ele.
_____
Fonte: Assessoria de Imprensa da SBC
Jornalista Responsável: Luiz Roberto de Souza Queiroz |