GLOBALIZAÇÃO DE DOENÇA DE CHAGAS LEVA A DIRETRIZ INTERNACIONAL

A globalização da Doença de Chagas que, além do Brasil, Colômbia, Venezula, Bolívia e outros países sul-americanos, atinge, agora, a Espanha e os Estados Unidos, através dos imigrantes, tornou necessária a preparação da “I Diretriz Latino-Americana sobre Doença de Chagas”. O documento será concluído durante o “I Fórum Latino-Americano de Cardiopatia Chagásica”, a ser realizado em Belo Horizonte nos dias 10 e 11 de dezembro, e que comemora o centenário da descrição da doença pelo cientista mineiro Carlos Chagas.

O coordenador de Normatizações e Diretrizes da SBC, Jadelson Andrade, que, juntamente com o presidente Antonio Carlos Palandri Chagas e com o diretor Científico, Luiz Antonio Campos, coordena o evento, explica que vários países conseguiram erradicar a doença, mas não é o caso do Brasil.

“Novos desafios estão sendo enfrentados pela comunidade médica em relação à Chagas nos anos recentes”, explica. Os levantamentos estatísticos mostram que muitos casos têm diagnóstico tardio, apenas quando já existe insuficiência cardíaca, diz ele, o que enfatiza a necessidade de que os médicos estejam mais alertas para os sintomas, pois embora a moléstia não tenha cura, os tratamentos disponíveis permitem postergar a morte por muitos anos, décadas, até.

Tem ocorrido ainda contaminação através de transfusões sanguíneas, o que torna necessário que países onde a doença ainda é rara, façam testes específicos para o sangue doado. Importante também são casos de contaminação por tripanossomas, registrados na Amazônia e em Santa Catarina, casos em que em vez de uma evolução lenta, a doença progride em grande velocidade, levando rapidamente à morte.

Essa contaminação alarmante ocorreu a partir do suco da palmeira açaí e da garapa de cana, explica o pesquisador Roberto Pinto Moraes, do Instituto Butantan. Segundo ele, embora o inseto transmissor seja exclusivamente hematófago, busca abrigo na palmeira e na palha da cana e o próprio inseto ou suas fezes com tripanossomas são esmagados para a produção do suco, causando a contaminação.

A preocupação internacional com a Doença de Chagas é tão grande, insiste Jadelson, que especialistas estrangeiros agradeceram a oportunidade de um debate amplo sobre a moléstica e confirmaram participação no fórum, entre eles Carlos A. Morillo, do Canadá, Harry Acquatella, da Venezuela, Wistremundo Dones, de Porto Rico, Juan Gonzalez Moreno, do Uruguai e Sergio Sosa-Estani, da Argentina.

Além disso, o Ministério da Saúde dará apoio ao evento, decisão tomada pelo próprio ministro, que considera importantíssima a iniciativa da SBC de preparar uma diretriz internacional, vital para os médicos que se defrontam com chagásicos, tendo pouco conhecimento da patologia, e que, por isso mesmo, será traduzida e ficará disponível também em espanhol e em inglês.

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Fonte: Assessoria de Imprensa
Jornalista Responsável: Luiz Roberto Queiroz