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TRANSMISSÃO COLETIVA DE DOENÇA DE CHAGAS FOI TEMA DO
FÓRUM DE BELO HORIZONTE



Só na quarta vez em que um menino de dois anos deu entrada num Pronto Socorro de Caracas, na Venezuela, um residente que tinha trabalhado num serviço de Doença de Chagas pensou na possibilidade da doença, fez os testes e confirmou o diagnóstico. Ao fazer o rastreamento do caso entre familiares encontraram, na escola que o paciente frequentava, a causa da contaminação. Os médicos identificaram 128 crianças contaminadas através do suco de goiaba possivelmente feito com o esmagamento da fruta juntamente com um barbeiro infectado.

Esse foi um dos “cases” apresentados durante o “I Fórum Latino-Americano de Cardiopatia Chagásica”, em Belo Horizonte, com 180 médicos, entre eles representantes de seis países do continente.

Muito satisfeito com os resultados, Jadelson Andrade, um dos coordenadores, diz que o nível científico do evento foi alto, os palestrantes muito capacitados e a plateia interessada, o que possibilitou “uma imersão expressiva na cardiopatia chagásica, desde aspectos como veículo de transmissão, epidemiologia, prevenção da transmissão oral e tratamento das fases aguda e crônica”. Também foram discutidos os novos aspectos da imunologia, diz ele, as perspectivas terapêuticas e apresentadas propostas sobre o uso de drogas imuno-supressoras para reduzir a parasitemia e reduzir a inflamação e os aspectos auto-imunes da Doença de Chagas.

Um dos destaques foi a preparação da “I Diretriz Latino-Americana de Cardiopatia Chagásica”, que conta com 16 editores, sendo 10 brasileiros e seis latino-americanos, que realizaram, em Belo Horizonte, a reunião plenária final de elaboração da diretriz.

Em encontro oficial promovido pela SBC durante o evento, foi constituído o “board” internacional da diretriz e produzido um documento de compromisso a ser assinado por todos os seus integrantes cuja missão será validar, na América Latina, as normas e recomendações expressas na “I Diretriz Latino-Americana de Cardiopatia Chagásica”.

Integrando o “board”, estarão o presidente da SBC, Antonio Carlos Palandri Chagas, o coordenador de Normatizações e Diretrizes, Jadelson Andrade, o diretor Científico da SBC, Luiz Antonio de Almeida Campos, o coordenador Científico, José Antonio Marin Neto, o presidente da Sociedade Sul-Americana de Cardiologia, Juan Bautista Moreno, do Uruguai, o presidente da Sociedade Interamericana de Cardiologia, Wistremundo Dones, de Porto Rico, Harry Acquatella, da Venezuela, Carlos Morillo, do Canadá e o presidente do Comitê Interamericano para a Doença de Chagas, Jorge Mitelman, da Argentina.

Foi proposto ainda o envolvimento da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Panamericana da Saúde (OPS) e encaminhamentos já foram realizados nesse sentido.

Uma das recomendações, diz Jadelson, foi que os cursos de Medicina voltem a incluir a Doença de Chagas no currículo, já que novas formas de transmissão oral fazem com que médicos de áreas onde não existia a patologia, se defrontem com casos a diagnosticar, como ocorreu no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, onde houve surto de transmissão aguda coletiva por suco de cana contaminado.

A diretriz, que deve ser publicada em março de 2010, será editada em português, espanhol e inglês. É que os editores se preocupam com a transmissão que ocorre entre imigrantes infectados e recebidos pelo Canadá, Espanha, Estados Unidos e até Austrália, sobretudo daqueles pacientes com a forma indeterminada da doença e assintomáticos, bem como pela contaminação vertical, problema presente na Bolívia, por exemplo, e pela transmissão por via sanguínea, quando imigrantes que desconhecem estarem contaminados doam sangue ou órgãos.

Jadelson explica que a diretriz deverá ser amplamente distribuída, com apoio do Ministério da Saúde em todo o país, pois no Brasil, além dos estados do Norte, Pará e Amazonas, onde a Doença de Chagas continua endêmica, ainda é problema na Bahia, Alagoas, Goiás, Minas Gerais, Ceará e em algumas áreas do Interior do Estado de São Paulo.


Fonte: Assessoria de Imprensa
Jornalista Responsável: Luiz Roberto Queiroz

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