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Mortes por doenças cardiovasculares caem 20,5% no Brasil
19/11/2009, às 15h23.
Levantamento do Ministério da Saúde analisa a
evolução da mortalidade por doenças crônicas não-transmissíveis
no período de 16 anos, a partir de 1990.
Estudo do Ministério da Saúde aponta queda de 20,5% nas mortes
por doenças cardiovasculares no período de 16 anos, de 1990 a
2006. Principal causa de óbito no país, esse grupo de doenças,
que inclui o infarto e o acidente vascular cerebral (AVC), matou
cerca de 300 mil pessoas em 2006, quase 30% do total de óbitos
registrados. Já as mortes especificamente por doenças
cerebrovasculares tiveram uma redução de 30,9% no mesmo período.
Houve aumento nos óbitos por diabetes como causa básica, que
passaram de 16,3 para 24 por 100 mil habitantes.
Os dados fazem parte do Saúde Brasil 2008, publicação anual da
Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), que neste ano abrange
os 20 anos do Sistema Único de Saúde (SUS). Entre outros
aspectos, o estudo analisa a tendência do risco de morte para
doenças crônicas não-transmissíveis no Brasil e seus fatores
associados.
Uma redução expressiva nas mortes por doenças cardiovasculares
foi observada na população de 20 a 74 anos. Nessa faixa etária,
o risco de morte caiu de 187,9 por 100 mil habitantes, em 1990,
para 149,4 por 100 mil habitantes em 2006, o que representa
queda de 1,4% ao ano. As reduções mais significativas estão nas
regiões Sul e Sudeste, que apresentam declínio desde 1990,
enquanto a região Nordeste apresentou aumento.
O estudo aponta, também, que os jovens de 20 a 39 anos estão
morrendo menos por doenças cardiovasculares. Para as mulheres
jovens, a queda anual foi de 3,6%, enquanto que para os homens
foi de 3,3% ao ano.
De acordo com o diretor do Departamento de Análise de Situação
de Saúde da SVS, Otaliba Libânio Neto, a melhora nos resultados
se deve ao maior nível de instrução da população, assim como às
políticas de prevenção à saúde, como a promoção de alimentação
saudável e o estímulo à atividade física. “No que se refere à
assistência à saúde, a expansão da atenção básica contribuiu
para esse resultado, porque são doenças que podem ser
controladas com diagnóstico precoce e informação”, explica
Libânio.
De todas as causas específicas do aparelho circulatório, os
óbitos por doenças cerebrovasculares, especificamente o AVC,
foram a primeira causa, com 9,4% de mortes, seguidos pelas
doenças isquêmicas do coração (8,8%), como infarto.
DOENÇAS CEREBROVASCULARES – A tendência de queda é ainda maior
quando analisadas as mortes por doenças cerebrovasculares: houve
redução de 30,9% entre 1990 e 2006. Na população de 20 a 74
anos, a taxa passou de 64,5 por 100 mil habitantes para 44,6 por
100 mil habitantes no mesmo período. Essa diminuição é observada
em todas as faixas etárias, tanto nas mulheres quanto nos
homens, com maior declínio na região Sul (4% ao ano). As regiões
Sudeste e Centro-Oeste também apresentaram reduções importantes.
Nas regiões Norte e Nordeste, as taxas se mantiveram estáveis
entre 1990 e 2006.
O risco de morte por doenças cerebrovasculares entre jovens de
20 a 39 anos apresenta redução considerável tanto para as
mulheres (4,6% ao ano) quanto para os homens (4,8% ao ano). Essa
tendência se estende a todas as faixas etárias. “As pessoas
estão mais informadas sobre os fatores de risco, o que ajuda a
evitar a morte prematura por doenças crônicas”, afirma Libânio.
As taxas de mortalidade para as doenças isquêmicas do coração
também caíram para todas as faixas etárias e ambos os sexos nas
regiões Sul e Sudeste, sendo mais significativo no Sudeste para
mulheres de 20 a 39 anos (4,1% ao ano). Na região Nordeste, no
entanto, foi registrado aumento de 1,4% ao ano. Das doenças
isquêmicas, o infarto agudo do miocárdio corresponde a 6,7% da
proporção de óbitos.
DIABETES – O estudo aponta, por outro lado, tendência de aumento
nas mortes por diabetes, de 1990 a 2006, ao se considerar apenas
o óbito por causa básica. Nos adultos de 20 a 74 anos, o risco
de morte passou de 16,3 por 100 mil habitantes, em 1990, para 24
por 100 mil habitantes, em 2006. “O principal fator associado é
a mudança na alimentação do brasileiro, que leva ao sobrepeso,
afinal o diabetes tem relação direta com a obesidade”, comenta Libânio. “No entanto, observamos estabilização em algumas
regiões do país a partir do ano 2000”, pondera.
O aumento está mais concentrado entre os homens com 40 anos de
idade ou mais, sendo de 2,3% ao ano. A partir dos 60 anos, esse
aumento é de 3,5% ao ano. Para as mulheres na mesma faixa
etária, o aumento é de 1% e 1,7% ao ano, respectivamente. Já
entre os jovens de 20 a 39 anos houve redução de 1,6% para
mulheres e 1,5% para homens (tabela 3).
VIGITEL – Desde 2006, o Ministério da Saúde acompanha os fatores
de risco e de proteção para as doenças crônicas
não-transmissíveis por meio do inquérito telefônico realizado
nas 26 capitais e do DF. São mais de 54 mil entrevistas que
ajudam a monitorar variáveis como o hábito de fumar, o consumo
de bebidas alcoólicas, o excesso de peso, a obesidade, os
hábitos alimentares, o sedentarismo e a morbidade referida, com
diagnóstico prévio para diabetes e hipertensão arterial.
O diretor do Departamento de Análise de Situação de Saúde da SVS,
Otaliba Libânio, ressalta a importância de conhecer esses
fatores como estratégia para reduzir as mortes por doenças
crônicas não transmissíveis. “Os estudos mostram que o Brasil
teve uma redução significativa no hábito de fumar, o que pode
ter contribuído para a redução na mortalidade mostrada neste
estudo”, exemplifica.
PREVENÇÃO – O SUS possui um conjunto de ações de promoção de
saúde, prevenção, diagnóstico, tratamento, capacitação de
profissionais, vigilância e assistência farmacêutica, além de
pesquisas voltadas para o cuidado aos pacientes com doenças
crônicas. São ações pactuadas, financiadas e executadas pelos
gestores dos três níveis de governo: federal, estadual e
municipal.
Para o controle do diabetes, por exemplo, a política de Promoção
da Saúde tem como uma das prioridades o estímulo à atividade
física e o Programa Saúde na Escola (PSE), criado para prevenir
e promover a saúde dos estudantes por meio de avaliações do
estado nutricional, incidência precoce de hipertensão e
diabetes, controle de cárie, acuidade visual e auditiva e também
psicológica. Um dos principais objetivos é orientar sobre a
segurança alimentar e a promoção da alimentação saudável, bem
como estimular as práticas corporais e a atividade física,
fatores essenciais para uma prevenção primária do diabetes.
A ênfase na rede básica se dá por meio de protocolos clínicos,
capacitação de profissionais de saúde, assistência farmacêutica
com fornecimento gratuito dos medicamentos essenciais por meio
do programa Farmácia Popular. São 107 itens para doenças
recorrentes na população brasileira, dentre eles analgésicos,
antihipertensivos, medicamentos para diabetes, colesterol,
gastrite entre outros. De 2004 a 2008, os investimentos no
Programa foram de R$ 325 milhões.
Alethea Muniz
Jornalista do Núcleo de Atendimento à Imprensa
ASSESSORIA DE IMPRENSA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE
Tel.: + 55 61 3315.2005
Fax: + 55 61 3225.7338
Website: http://www.saude.gov.br |