Incontinência verbal
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em mais um de seus
rompantes habituais de incontinência verbal, diz ter encontrado
os culpados pelo caótico sistema de saúde nacional: os médicos.
Segundo reportagem veiculada na sexta-feira (26 de março) em
diversos jornais brasileiros, o presidente reclamou "que os
médicos não aceitam ou cobram caro para trabalhar no interior e
periferias e que é muito fácil ser médico na avenida Paulista".
Lula também criticou o Conselho Federal de Medicina, pedindo
reconhecimento aos diplomas dos médicos formados em Cuba. Ainda
em tom jocoso, criticou o médico responsável pela amputação do
seu dedo mínimo da mão esquerda. Sua ira voltou-se também aos
contrários à cobrança de novo tributo para aumentar os recursos
ao setor de saúde.
O que o presidente finge não saber é que o médico sozinho no
interior ou em periferias é incapaz de promover saúde. Ele
precisa de apoio para exercer a sua profissão, como
laboratórios, equipamentos para exames, hospitais, enfim tudo o
que não é prioridade ou é claramente insuficiente em seu
Governo.
Lula também finge não saber que ninguém é contra o médico
cubano: exige-se apenas que ele, como qualquer outro, se submeta
ao exame de avaliação exigido para formados no exterior.
Quanto à CPMF, governar impondo novos impostos ao já fatigado
povo brasileiro, Sr. Lula, é tão vulgar quanto dizer que é
"fácil ser médico na avenida".
Sr. Lula, a Associação Médica Brasileira, em nome dos mais de
350 mil médicos brasileiros, sente-se ultrajada com suas
declarações, visto inverídicas, por considerar que elas não
condizem com cargo que V. Sa ocupa e por atingir a dignidade e
honradez daqueles que, diariamente em hospitais ou consultórios,
muitas vezes em condições precárias, lutam por manter a saúde do
povo brasileiro.
Presidente Lula, o Sr. deve um pedido de desculpas à classe
médica brasileira.
José Luiz Gomes do Amaral
Presidente da Associação Médica Brasileira
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