CARDIOLOGISTAS VÃO RASTREAR INFARTOS DE TORCEDOR POR CAUSA DA COPA
A emoção de um gol num jogo decisivo gera tantos
problemas cardíacos nos torcedores, que a Sociedade Brasileira
de Cardiologia decidiu fazer uma pesquisa sobre a influência de
um jogo dramático de futebol sobre a saúde dos espectadores,
durante as partidas da Copa do Mundo.
Quatro hospitais
com Unidade Coronariana serão selecionados, Dante Pazzanese e
Hospital do Coração entre eles, e o total de eventos cardíacos
do mês de maio e sua gravidade serão correlacionados com crises
de arritmias, angina, infartos e derrames durante os jogos na
África do Sul.
“A única pesquisa que existe a respeito -
Cardiovascular events during World Cup Soccer - foi feita na
Alemanha e analisou 4.279 infartos”, explica Nabil Ghorayeb que
participa da Câmara Técnica em Medicina do Esporte do Conselho
Federal de Medicina, cuja função é recomendar medidas para
reduzir o número de mortes durante eventos esportivos, o que
pressupõe a presença de equipe de atendimento de emergência em
todos os eventos.
“A Câmara foi criada por instâncias do
Ministério Público Federal”, explica Nabil, pois há uma
preocupação generalizada com os problemas cardíacos dentro e
fora de campo. A Sociedade Brasileira de Cardiologia está
ultimando a primeira ‘Diretriz em Cardiologia do Esporte’, uma
coletânea de todo o que deve ser feito para atender a problemas
cardíacos entre esportistas, verdadeiro manual que ficará à
disposição dos médicos.
INUNDAÇÃO E TERREMOTO
“Uma emoção repentina, seja positiva ou negativa, provoca uma
descarga adrenérgica no organismo”, explica o diretor de
Promoção de Saúde Cardiovascular da SBC, Dikran Armaganijan, e
há um aumento da freqüência cardíaca, da pressão arterial, da
velocidade do sangue e isso pode levar à instabilidade do
endotélio, uma camada das artérias. Se a pessoa tem problemas
cardiovasculares, mesmo sem saber, uma placa de ateroma pode se
romper e causar um infarto ou acidente vascular cerebral.
A própria SBC fez recentemente um estudo sobre esse efeito
da emoção, quando o cardiologista Sergio Timmerman levantou a
média de infartos antes e depois dos deslizamentos e enchentes
que afetaram Santa Catarina, registrando um aumento de quase
30%. Os dados são compatíveis com estudos feitos durante o
furacão Katrina, em Nova Orleans e durante o bombardeiro de
Israel contra Beirute, no Líbano.
O caso mais recente de
morte por emoção causada por futebol foi de um homem de 40 anos,
que sofreu um infarto durante um recente jogo do Palmeiras,
conta Nabil, que estudou o caso. Os médicos tentam estudar o
problema do ponto de vista científico, conta o especialista, já
houve uma tentativa de mensurar o aumento dos eventos cardíacos
como arritmias e até infartos quando o Brasil perdeu jogos
contra a Itália e a França, em Copas do passado, mas não havia
registros confiáveis das causas dos problemas cardíacos,
registros esses que é projeto da SBC organizar.
O
importante, porém, é a prevenção, insistem os cardiologistas.
Quem é emotivo ou fanático por futebol deve tomar cuidados
especiais, se tem fatores de risco cardíaco. “Se o paciente toma
um beta-bloqueador toda noite, no dia do jogo deve antecipar o
horário de tomar o remédio”, explica Nabil, “é importante evitar
bebidas alcoólicas e café que aumentam a pressão” e, para os
muito emotivos, vale até tomar um tranqüilizante fitoterápico,
aspirar o ar profundamente e solta-lo devagar, atividade que
acalma e, em último caso, não assistir ao jogo.
“Tenho
um cliente, radialista por sinal, que fica tão nervoso quando há
um jogo importante, que vai ao cinema, para não se emocionar”,
conta Nabil, e acrescenta: “e nesse caso, não é preciso ser Copa
do mundo, o risco cardíaco dele se agrava é quando o Corinthians
entra em campo”.
Fonte: Assessoria de
Imprensa Jornalista Responsável: Luiz Roberto Queiroz |