SBC QUER CONSENSO DOS MÉDICOS NA DISPUTA COM OS PLANOS DE SAÚDE
A Sociedade Brasileira de
Cardiologia vai solicitar à AMB que crie um foro nacional para
que os médicos discutam e formem um consenso sobre o
relacionamento com os planos de saúde. O objetivo é que os
profissionais das várias especialidades pleiteiem, em nome de
todos os médicos brasileiros, o recebimento de pagamento justo e
digno pelos procedimentos que realizam e passem a ter um
tratamento respeitoso por parte dos planos que, em muitos casos,
recebem com suspeita qualquer prescrição, pedido de exame e, no
caso dos cardiologistas, rejeitam com frequência indicações de
stents, de marcapassos ou de desfibriladores internos.
Para Fábio Sandoli de Brito, da Diretoria de Qualidade
Assistencial, o foro tornou-se urgente, pela universalização dos
reclamos das sociedades de especialidade. Ele cita a campanha
desencadeada pela Associação de Obstetrícia e Ginecologia do
Estado de São Paulo, que publicou anúncios na mídia para lembrar
que “há dez anos não há reajuste não só dos partos, como das
consultas” e distribui cartazes com os dizeres “R$ 200,00 –
Alguns planos de saúde pagam esse valor aos médicos por um parto
– É injusto. A saúde das mães e dos bebês vale muito mais”.
O cardiologista cita também a enquete do Ibope, por encomenda da
Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, que
identificou casos como de um único ortopedista que teve até 100
procedimentos rejeitados pelos planos de saúde, com o agravante
de que a rejeição é feita até por um burocrata não médico. “No
total, 46% dos ortopedistas tiveram negativas sobre cirurgias
indicadas, 42% tiveram recusa de exames e 19% tiveram indicação
de próteses para seus pacientes negada”, relata Sandoli de
Brito.
“Na área da cardiologia não é diferente”, continua ele, pois, em
evento recente em João Pessoa, o Departamento Ergometria e
Reabilitação Cardiovascular denunciou que havia dificuldades de
encontrar médicos para realizarem ou acompanharem teste
ergométrico, pois chegam a receber apenas R$ 20,00 pelo exame”.
Fábio lembra que o problema é antigo, pois há cerca de 5 anos a
SBC redigiu documento com a posição oficial sobre o emprego de “stents”,
documento repassado à AMB e aos planos de saúde e hoje usado por
juízes na análise de pedidos de liminar. “Ainda em maio tive uma
cliente que conseguiu liminar contra as ‘Classes Laboriosas’
para que tivesse dois stents farmacológicos implantados.
Para a Diretoria da SBC, é realmente necessário um debate
nacional sobre o tema e, depois que as entidades médicas tiverem
um consenso formalizado num documento, será preciso que se
reúnam com os planos de saúde, que também reclamam, diz ele,
pois o governo amplia as patologias e situações que devem
cobrir, sem autorizar aumento das mensalidades.
Fábio Sandoli de Brito lembra que o problema não é apenas
brasileiro, pois nos Estados Unidos o presidente Obama enfrenta
situação semelhante. A diretoria reconhece que a Medicina fica
cada vez mais cara e o custo está embutido na longevidade e na
qualidade de vida que aumenta na população, mas é urgente que se
tenha normas claras e o caminho, com certeza, passa pelas
diretrizes médicas.
“O ideal é que os planos de saúde sejam obrigados a autorizar
exames e procedimentos desde que a diretriz médica relativa ao
caso especifique a indicação para determinada patologia ou para
o diagnóstico, eliminando-se a glosa indiscriminada”, diz o
presidente da SBC, Jorge Ilha Guimarães. Sandoli de Brito
acrescenta que “não é possível que determinado plano de saúde
tenha uma posição fechada de que não aceita indicação de exame
ou procedimento, como acontece em alguns casos, mesmo sendo
qualificado como Classe I na diretriz correspondente”.
A Diretoria da SBC reconhece que está apenas no início uma
discussão que irá longe, mas é necessária e para que seja
possível mensurar as reclamações dos associados com relação aos
planos de saúde, pede que enviem e-mails relatando casos de
negativa de atendimento ou de pagamento indigno por um
procedimento. Os e-mails devem ser enviados para
insastifacaocomplanos@cardiol.br.
Fonte: Assessoria de Imprensa
Jornalista Responsável: Luiz Roberto Queiroz |