ROUBO DE PASSAGENS DA “CONTA FIDELIDADE” DA TAM CHEGA À JUSTIÇA
O Juizado Especial de Defesa do Consumidor
de Salvador recebeu a primeira ação contra a TAM – Linhas Aéreas S.A.,
ajuizada por um cardiologista que teve 120 mil milhas roubadas de sua
conta, através de fraude feita por hackers que trocaram sua senha
e emitiram várias passagens em nome de terceiros, sem conhecimento do
detentor do crédito.
A fraude, que já provocou dezenas de reclamações e não se sabe qual a
abrangência, foi denunciada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia,
procurada por médicos de vários Estados com a mesma queixa, que os
pontos de milhagem recebidos pela compra de passagens para ida a
congressos científicos foram reduzidos ou zerados sem seu conhecimento.
Carlos Daniel Magnoni, cardiologista do Dante Pazzanese, foi informado
pela TAM de que não tinha mais direito a milhas, pois seu crédito foi
reduzido para a emissão de 12 passagens cidades do Nordeste às quais não
costuma ir e, embora tenha solicitado à TAM os nomes dos beneficiários
das passagens emitidas por sua conta, nada conseguiu. Pior, diz, mesmo
após a denúncia, recebeu e-mails da TAM informando que novamente sua
senha fora mudada e, tendo informando que isso obra de hackers e
possivelmente com ajuda de funcionários da empresa, novamente perdeu
acesso à sua conta.
O mesmo ocorreu com o cardiologista Nabil Ghorayeb que, colaborador de
várias rádios, levou a denúncia à Rádio CBN e à TV Bandeirantes,
enquanto o também cardiologista Leandro Zimerman, do Rio Grande, fez a
denúncia pelo jornal Zero Hora, depois de tentar inutilmente resolver o
problema na TAM. De sua conta sumiram 130 mil milhas. A denúncia
provocou cartas de Luiz Inacio Franco de Medeiros, Andreia Johansen,
Maria do Socorro Cordeiro de Moraes, vítimas da mesma fraude, que
atingiu também o cirurgião cardíaco Eduardo Saadi.
O cardiologista Anis Rassi Jr., de Goiânia, também foi surpreendido pelo
sumiço de seus pontos e o jornal O Estado de S. Paulo publicou
carta de outro cliente da TAM, Antonio Cavalcanti, contando que desde
janeiro sua senha foi inabilitada e seus pontos roubados.
AÇÃO JUDICIAL
Na ação que ajuizou em Salvador, Fábio Vilas-Boas, que coordena o
Serviço de Cardiologia do Hospital Espanhol e por causa das pesquisas
científicas que promove é frequentemente convidado a pronunciar
conferências no exterior, denuncia a TAM.
O autor anexa o extrato de outubro do ano passado, quando acumulava 120
mil milhas e conta que, recentemente, ao fazer nova consulta, verificou
que sua senha da internet não conferia. Em contato telefônico foi
informado de que o e-mail da conta não era mais o seu, como também não
era seu o telefone e nem tinha validade a senha que registrara.
Na busca do esclarecimento dos fatos, foi informado de que várias
passagens tinham sido emitidas com os pontos de sua conta, que não só
zerara, mas estava negativa e mais, que a responsabilidade era dele e
não da TAM. Ao insistir na reclamação, via jornal Folha de S. Paulo,
recebeu resposta da TAM, para quem os procedimentos que adota “garantem
a segurança do processo de troca de senha e resgate de pontos”.
Como prova de que a TAM estava ciente da possibilidade de fraude, o
autor lembra que até meados do ano passado para alteração do e-mail
cadastrado, a empresa pedia que se telefonasse com o CPF, data de
nascimento e endereço em mãos, informações fáceis de conseguir. A partir
de agosto, porém, a TAM criou a “Multiplus Fidelidade”, oficialmente
para fazer parcerias com outras empresas, mas mudou o sistema, passando
a exigir cópia de RG, CPF e demais documentos enviados por correio para
alteração do e-mail.
O que ocorreu é que, com a facilidade anterior da troca de e-mail, os
fraudadores telefonavam, trocavam o e-mail cadastrado, entravam no
programa e clicavam no ícone “esqueci a senha”. Bastava isso para a TAM
enviar nova senha, dessa vez já para o e-mail do fraudador, que passava
a emitir passagens, sem que o detentor dos créditos desconfiasse.
O médico que aciona a TAM e a Multiplus pede à Justiça deferimento de
liminar para que a empresa junte aos autos cópia dos telefones usados
para pedir a troca de senha, bem como nome e RG dos beneficiários das
passagens emitidas, bem como número dos cartões de crédito usados para
pagamento das taxas de aeroportos, pois como essa taxa é paga em
separado, é saldada através de outra operação de crédito.
Fonte: Assessoria de Imprensa
Jornalista Responsável: Luiz Roberto Queiroz
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