JUSTIÇA MANDA A TAM DEVOLVER MILHAS ROUBADAS
E INDENIZAR POR DANOS MORAIS
A juíza Isabela Kruschewsky, de Defesa do Consumidor, da Bahia,
condenou a TAM – Linhas Aéreas a devolver todas as 140 mil
milhas que foram roubadas da “Conta Fidelidade” do cardiologista
Fabio Vilas-Boas. Ela determinou ainda que a TAM pague
“indenização exemplar” por danos morais, para inibir a empresa
“a tratar com pouca diligência casos semelhantes que venham a
ocorrer no futuro”.
A decisão é um precedente importante para a categoria
profissional dos cardiologistas, dezenas dos quais foram
prejudicados por um sistema eletrônico de pouca confiabilidade
da TAM, que permitiu o roubo de mais de um milhão de milhas por
pessoas não identificadas, mas que se presume tenham sido
ajudadas por funcionários ou ex-funcionários da empresa.
A questão veio à baila em março, quando Vilas-Boas, que é
coordenador do Serviço de Cardiologia do Hospital Espanhol, de
Salvador, tentou ler seu extrato de milhas na TAM e comprovou
que a senha para entrar na conta não era aceita. Contatada a TAM
por telefone, informou que o e-mail da conta não era mais o seu,
pois tinha sido trocado, como também seu telefone e que a senha
que gravara não tinha mais validade.
Indignado, o médico foi à empresa e comprovou que todos os
pontos que tinha foram usados para emitir passagens para pessoas
que desconhecia e a TAM insistia que o sistema “garante a
segurança do processo de troca de senha e resgate de pontos” e a
responsabilidade pelo ocorrido seria do médico.
Depois de entrar com ação contra a empresa, Fábio Vilas-Boas
comentou o assunto com outros médicos e verificou-se que dezenas
deles tiveram suas milhas furtadas por “hackers” e a SBC passou
a receber informações de vários casos semelhantes. Carlos Daniel
Magnoni, do Dante Pazzanese, foi informado pela TAM que já usara
suas milhas para a emissão de 12 passagens para o Nordeste,
cujos beneficiários a TAM não informaria. Mesmo depois da
reclamação e de ter validado nova senha, foi ela novamente
cancelada por “hackers”, o que só poderia ter ocorrido com apoio
de alguém de dentro da empresa.
Fato semelhante ocorreu com Nabil Ghorayeb que, colaborador de
várias rádios, levou a denúncia à Rádio CBN e à TV Bandeirantes,
enquanto o também cardiologista Leandro Zimerman, do Rio Grande,
fez a denúncia pelo jornal Zero Hora, depois de tentar
inutilmente resolver o problema na TAM. De sua conta sumiram 130
mil milhas. A denúncia provocou cartas de Luiz Inacio Franco de
Medeiros, Andreia Johansen, Maria do Socorro Cordeiro de Moraes,
vítimas da mesma fraude, que atingiu também o cirurgião cardíaco
Eduardo Saadi.
Anis Rassi Jr., de Goiânia, também foi surpreendido pelo sumiço
de seus pontos e o jornal O Estado de S. Paulo publicou
carta de outro cliente da TAM, Antonio Cavalcanti, contando que
sua senha foi inabilitada e seus pontos roubados.
Na ação que moveu contra a TAM, Vilas-Boas argumenta que a
empresa reconheceu tacitamente a fraude, ao mudar o sistema para
alteração do e-mail cadastrado, que até meados do ano passado
podia ser alterado por telefone, mediante a informação do CPF e
data de nascimento. Pelo sistema anterior o fraudador ligava
pedindo a troca do e-mail, entrava no sistema, clicava no ícone
“esqueci a senha” e a TAM enviava nova senha para o e-mail do
fraudador, que podia usar todas as milhas da sua vítima, sem que
o detentor dos créditos desconfiasse.
Na ação, o advogado de Vilas-Boas lembra que como a taxa de
aeroporto é paga em separado, não sendo incluída na passagem, a
TAM tinha as condições de identificar o nome do detentor do
cartão de crédito usado para pagar a taxa de cada passagem
fraudada, e que portanto não havia motivo para deixar impunes os
fraudadores.
Diante da divulgação da fraude, inclusive pela TV Globo e da
reclamação de mais dezenas de vítimas, a TAM resolveu devolver
as milhas às contas, obrigação que tornou-se peremptória, diante
da decisão da Justiça. Como a juíza da Bahia determinou também o
pagamento de uma indenização por danos morais, abre-se um
precedente que deverá beneficiar a todos os médicos e demais
profissionais vítimas da fraude que foi possível, como diz a
magistrada, por força da pouca diligência com que a TAM tratou
do assunto.
Fonte: Assessoria de Imprensa
Jornalista Responsável: Luiz Roberto Queiroz
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