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Antidepressivos aumentam espessura da camada mediointimal carotídea (02/04/2011 20:04)

Dr. Ricardo Moraes e Dr. Bruno Paolino.

Resumo: O Dr. Amit Shah apresentou hoje, no Congresso da American College of Cardiology, em Nova Orleans, um estudo que mostrou uma associação entre o aumento da camada mediointimal e o uso de antidepressivos. Segundo o autor, o aumento foi significativo em pacientes que usam estes medicamentos e tem sintomas de depressão, quando comparados aos pacientes em uso de antidepressivos e assintomáticos.

Introdução: Apesar de estudos prévios terem mostrado um risco aumentado de doenças cardiovasculares em pacientes com depressão, não foi observada na literatura a associação desta afecção com o aumento da espessura mediointimal das carótidas. Além disso, o uso de antidepressivos, cada dia mais comuns com o aumento da prevalência de distúrbios ansiosos e depressivos, nunca foi estudado como indutor da aterosclerose.

Métodos: Foram incluídos 513 gêmeos masculinos do registro de veteranos do Vietnã, que foram divididos em pacientes que estavam em uso de antidepressivos e os que não tomavam a medicação. Além disso, foi avaliada a presença de sintomas de depressão nos pacientes em uso dos antidepressivos, baseado nos critérios do escore Beck Depression Inventory. A avaliação da espessura mediointimal das carótidas (CIMT) e a dilatação da artéria braquial fluxo-mediada (DBFM) foi realizada através de ultrassonografia. Os valores encontrados foram ajustados para os fatores de risco para doença cardiovascular.

Resultados: Os pacientes tinham média de idade média de 55 + 3 anos e 95% eram brancos. Dos 16% dos indivíduos do estudo que faziam uso de antidepressivos, a maioria (60%) utilizava inibidores seletivos da recaptação da serotonina. O uso de antidepressivos foi associado ao aumento da CIMT tanto no modelo não-ajustado (p=0,03) quanto no ajustado (p=0,006), para os fatores de risco cardiovasculares, depressão e transtorno pós-traumático (TPT).  No modelo ajustado, houve um aumento de 5%, ou 37 µm (399 vs. 362µm) da CIMT nos pacientes em uso dos medicamentos. Estes resultados se mantiveram entre os 59 pares de gêmeos em que um dos irmãos tomava antidepressivos e o outro não fazia uso da droga (aumento de 41µm; p=0,01 ajustado). Alem disso, os pacientes em uso da medicação que relataram sintomas depressivos tiveram maiores níveis de CIMT, quando comparados aos pacientes em uso de antidepressivos e assintomáticos (p=0,049).

Conclusões: O uso de antidepressivos está associado à doença aterosclerótica mesmo após ajuste para os fatores de risco cardiovasculares, história familiar e psiquiátrica. Alem disso, os sintomas antidepressivos são fatores de risco para o aumento da aterosclerose em pacientes em uso da medicação.

Perspectivas: Estudos prévios demonstram que, em média, a CIMT aumenta a uma taxa de 10µm a cada ano de vida, o que representa um amento de 1,8% no risco de doença cardio ou cerebrovascular. Deste modo, o Dr. Shah explica que o aumento demonstrado no estudo equivale dizer que as artérias dos pacientes em uso de antidepressivos são, aproximadamente, 4 anos “mais velhas” e o risco de AVC ou IAM 7,4% maior.

Embora a correlação entre antidepressivos e a doença cardiovascular não seja totalmente compreendida, os prováveis mecanismos para o aumento da CIMT em pacientes em uso destes medicamentos é o aumento de neurotransmissores como a serotonina e norepinefrina. Apesar de diminuirem os quadros depressivos, que se correlacionam em com a doença cardiovascular, o uso de antidepressivos pode aumentar o risco aterosclerótico pelo aumento da liberação de neuropeptídeos vasoconstrictores.

Apesar dos resultados bastante significativos, mais estudos necessitam ser realizados para compreendermos o papel das drogas individualmente e da própria doença sobre estes resultados. Alem disso, o estudo não levou em consideração as diversas classes de medicamentos antidepressivos existentes, que tem mecanismos de ação diferentes. O estudo ainda não responde se há associação entre antidepressivos e desfechos clínicos, como a incidência de eventos ou morte cardiovascular.

Referência: Association of Antidepressant Medications with Carotid Intima Media Thickness in Middle Aged Veteran Twins. Amit J. Shah. Emory University, Atlanta.


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