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Artigo Científico |
MitraClip pode ser uma alternativa terapêutica
à cirurgia cardíaca para pacientes com insuficiência mitral:
estudo EVEREST II (Endovascular Valve Edge-to-Edge Repair Study)
Dr.Henrique B. Ribeiro
Dr.Ricardo C.Moraes
Resumo: O sistema MitraClip (Figura) consiste em novo
dispositivo percutâneo para correção da insuficiência mitral (IMi)
cujo desenvolvimento foi baseado na cirurgia que sutura o centro
das duas cúspides mitrais, criando uma válvula com orifício
duplo. O método utiliza um clipe mecânico introduzido de maneira
menos invasiva através da hemodinâmica. A utilização do sistema
MitraClip no estudo EVEREST II demonstrou-se factível em
pacientes com insuficiência mitral (IMi), melhorando a segurança
em relação à cirurgia ao final de 30 dias de seguimento, a
despeito de uma menor efetividade aos 12 meses.
Objetivo: Estudo de não inferioridade para avaliar a
eficácia e segurança do sistema MitraClip em relação à cirurgia
convencional em pacientes com insuficiência mitral.
Métodos: Estudo prospectivo, multicêntrico, randomizado
que selecionou pacientes com IMi classe 3+ ou 4+ sintomáticos,
ou assintomáticos com disfunção ventricular, hipertensão
pulmonar ou fibrilação atrial. A meta primária de eficácia foi a
sobrevida livre de eventos de morte, cirurgia valvar mitral por
disfunção e regurgitação mitral > 2+ aos 12 meses. A segurança
foi avaliada pela taxa de eventos adversos maiores aos 30 dias,
definidos como a somatória de morte, infarto do miocárdio,
reoperação por falha cirúrgica de reparo ou troca valvar,
acidente vascular cerebral, insuficiência renal, infecção de
ferida operatória, ventilação mecânica > 48hs, complicações
intestinais requerendo cirurgia, fibrilação atrial (FA), sepse,
e transfusão ≥ 2 unidades de hemácias.
Resultados: Foram incluídos 279 pacientes, de 37
instituições americanas, randomizados 2:1 para o MitraClip vs.
controle. A média de idade dos pacientes no grupo MitraClip foi
de 67 anos, sendo 63% homens, 34% com FA, fração de ejeção média
de 60%, sendo a etiologia degenerativa a principal indicação
(73%). À exceção da insuficiência cardíaca, mais prevalente no
grupo MitraClip (91% vs. 78%; p<0,01), todas as características
clínicas foram semelhantes entre os grupos.
Os eventos adversos maiores aos 30 dias ocorreram em 9,6% dos
pacientes no grupo MitraClip vs. 57% no grupo cirurgia
(p<0,0001). Esse desfecho deveu-se em grande parte à maior taxa
de transfusão no grupo controle. Em relação ao sucesso clínico a
taxa foi de 67% vs. 74%, respectivamente, favorecendo o grupo
cirúrgico aos 12 meses (p=0,0012). Outro dado importante do
estudo foi a taxa de pacientes em IMi ≤ 2+ que ocorreu em 82%
dos pacientes do grupo MitraClip, em relação a 97% dos pacientes
do grupo controle.
Conclusão: O MitraClip parece uma importante alternativa
terapêutica à cirurgia em pacientes selecionados com IMi em
virtude de sua segurança, eficácia e benefício clínico aos 12
meses.
Apresentação: Dr. Ted Feldman (investigador principal) no
ACC.10/i2 Summit, Atlanta, GA, Março 2010.
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