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Artigo Científico |
Uso da antiagregação plaquetária tripla com o
cilostazol pode trazer benefícios – Resultados do Estudo CILON-T
Autor: Henrique B. Ribeiro
Objetivos: Avaliar o impacto do uso concomitante de
cilostazol com aspirina e clopidogrel na taxa de eventos
combinados (morte cardíaca, infarto do miocárdio, acidente
vascular encefálico (AVC) não hemorrágico, revascularização da
lesão alvo) após implante de stent farmacológico. Avaliar a
interação entre estatina-clopidogrel de acordo com o tipo de
estatina usada: atorvastatna vs. rosuvastatina.
Métodos: Estudo prospectivo, randomizado, com dois braços
testando a hipótese de superioridade do tratamento
antiplaquetário triplo com cilostazol em relação ao tratamento
tradicional duplo com aspirina e clopidogrel. Os pacientes foram
randomizados de maneira fatorial 2 x 2, de acordo com uso de
cilostazol e tipo de estatina (atorvastatina ou rosuvastatina).
Foram incluídos pacientes de 5 centros na Coréia do Sul,
seguidos clinicamente (1, 3 e 6 meses), dosagem da atividade
plaquetária pelo método VerifyNowTM P2Y12 aos 6 meses, e
angiograficamente.
Resultados: Foram randomizados 960 pacientes, sendo 477
para o grupo antiagregação plaquetária tripla e 483 pacientes
para o grupo antiagregação plaquetária dupla. As características
clínicas e angiográficas basais foram semelhantes entre os dois
grupos, ressaltando-se que a média de idade dos pacientes foi de
62 anos, sendo a maioria homens (68%) com incidência total de
35% de diabéticos no grupo cilostazol e de 32% no grupo
controle. Grande parte dos pacientes randomizados apresentavam
síndromes coronárias agudas, sendo cerca de 10% com infarto
agudo e mais de 40% com angina instável, em ambos os grupos.
Em relação à reatividade plaquetária (P2Y12 reaction unit – PRU)
observou-se significativa redução no grupo cilostazol em relação
ao grupo controle tanto na alta hospitalar (206,6PRU vs 232,1PRU;
p<0.001) como após 6 meses de seguimento (210,7 vs 255,7;
p<0,001). A redução do PRU no grupo cilostazol, no entanto, não
se traduziu em diferença na evolução clínica dos pacientes. O
desfecho primário composto de morte cardíaca, infarto do
miocárdio, AVC não hemorrágico e revascularização da lesão alvo
foi similar entre os grupos (8,5% no tratamento triplo vs 9,2%
no tratamento duplo; p=0.73). Os desfechos secundários de
mortalidade global (0,9% vs 1,3%; p=0,75), infarto não fatal
(0,9% vs 0,7%; p=0,73), AVC isquêmico (1,1% vs 0,9%; p=0,75),
revascularização da lesão alvo (6,6% vs 7,2%; p=0,79) e trombose
de stent (0,7% vs 1,1%; p=0,73) foram similares entre a terapia
tripla e dupla, respectivamente. Em relação aos desfechos de
segurança, a incidência de sangramentos maiores (0,4% na terapia
tripla vs 0,2% na dupla) e menores (0,2% vs 0,0%) foi similar
nos dois grupos (p=0,51), apesar de ter havido maior interrupção
das medicações no grupo cilostazol (6,6% vs 0,7%; p<0,001). O
estudo verificou que a cada aumento de tercil no PRU houve
aumento significativo de 63% na taxa de desfechos primários e
que uma parte substancial dos pacientes tratados com terapia
tripla ainda eram hiporrespondedores à terapia antiplaquetária.
Além disso, naqueles pacientes com PRU < 210, independemente do
regime adotado, não houve eventos trombóticos.
Conclusão: Apesar de redução significativa da reatividade
plaquetária com o cilostazol já na fase aguda e aos 6 meses
medida pelo método VerifyNowTM, não houve redução na taxa de
desfechos clínicos primários ou secundários, provavelmente
porque muitos pacientes ainda eram hiporrespondedores com
terapia tripla. Esse estudo mostra o potencial para a utilização
de métodos de medida da atividade plaquetária na prática clínica
pós-angioplastia uma vez que pacientes com atividade plaquetária
mais elevada apresentaram maior número de eventos independente
do tratamento utilizado.
Apresentação: Dr. Hyo-Soo Kim (investigador principal) no
ACC.10/i2 Summit, Atlanta, GA, Março 2010.
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