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Artigo Científico |
Duração da Terapia Antiplaquetária após o
implante de stent recoberto
Autor: Dr. Caio Cesar Ferreira Fernandes
Racional: O uso de stents farmacológicos está associado a
redução da reestenose e necessidade de revascularização da lesão
alvo comparado aos stents metálicos em pacientes submetidos a
angioplastia. Existe, entretanto, um risco aumentado de trombose
tardia no stent farmacológico, principalmente quando o uso de
clopidogrel é interrompido. As diretrizes atuais recomendam o
uso de terapia dupla com aspirina e clopidogrel por, pelo menos,
12 meses após angioplastia com stent farmacológico. O tempo de
duração da terapia antiplaquetária dupla, no entanto, após o
implante de stent recoberto ainda não está bem estabelecido
assim como os potenciais benefícios deste tratamento na
prevenção de eventos trombóticos após 12 meses da angioplastia
com stent.
Objetivo: Avaliar a mortalidade por causas cardíacas e
infartos em pacientes submetidos a terapia antiplaquetária dupla
com aspirina e clopidogrel comparada a tratamento com aspirina
isolada a partir de 12 meses de implante do stent recoberto.
Métodos: 2701 pacientes selecionados a partir de uma análise
retrospectiva de estudos abertos (REAL-LATE e ZEST-LATE) em que
os pacientes receberam o implante de stent recorberto e não
apresentaram eventos trombóticos cardíacos, cerebrovasculares ou
episódios de sangramento ao final de 12 meses. Estes pacientes
foram randomizados para o uso de aspirina associada a
clopidogrel (1357) ou aspirina associada a placebo (1344) e
seguidos por 2 anos. O desfecho primário composto foi
mortalidade cardíaca e infarto do miocárdio e o seguimento de
19,2 meses. A aderência à medicação do protocolo foi superior a
90% em ambos os grupos.
Resultados: As características populacionais basais foram
similares entre os dois grupos. A idade média era de 62 anos e
70% dos pacientes eram do sexo masculiuno. Cerca de 57% dos
pacientes eram hipertensos e 26% tinham diabetes. A porcentagem
de pacientes submetidos a angioplastia por angina estável foi de
37,5%, enquanto, 40,8% apresentavam angina instável, 11,0%
infarto com supradesnivelamento ST e 10,7% infarto sem
supradesnivelamento. A média de número de stents por lesão foi
de1,3, com uma média de comprimento de stent de 31,4 mm. A
maioria dos pacientes receberam stent farmacológico sirolimus
(57%), sendo os outros tratados com stents paclitaxel (24%) e
zotarolimus (19%).
O risco cumulativo para o desfecho primário de morte e infarto
em dois anos foi de 1,8% com a terapia antiplaquetária dupla
comparada a 1,2% na terapia única com aspirina (HR: 1,65; 95%
CI: 0.8 – 3,36; P = 0,17). Também não houve nenhuma diferença
estatística entre os grupos na mortalidade por todas as causas
(1,6% vs 1,4%; p = 0,24), infarto do miocárdio (0,4% vs. 0,4%, p
= 0,76), necessidade de nova revascularização (3,1% vs. 2,4%, p
= 0,22) ou trombose definitiva de stent (0,4% vs 0,4%ç p=0,76).
Os desfechos compostos de infarto, acidente vascular cerebral ou
mortalidade por todas as causas demonstraram tendëncia mais
elevada na dupla antiagregaçäo comparado a aspirina ao final de
2 anos (3,2% vs. 1,8%, p = 0,051). Sangramento maior TIMI foi
similar entre os dois grupos (0,2% vs. 0,1%, p = 0,35).
Interpretação: O uso da terapia antiplaquetia dupla com
clopidogrel e AAS por um período maior que 12 meses em pacientes
que receberam stents recobertos não foi significativamente
superior comparada à monoterapia com aspirina para reduzir as
taxas de infartos do miocárdio e mortalidade de causas cardíacas
a despeito do estudo ter um poder estatístico limitado para
detectar essa difernça pela baixa incidência de eventos. Além de
diferenças étnicas que podem contribuir para esses resultados, é
possível que a pré-seleção de pacientes de menor gravidade possa
ter ocultado o benefício da terapia dupla.
Dr. Park apresentou “Duration of Dual Antiplatelet Therapy
after Implantation of Drug-Eluting Stents” na Segunada, dia 15,
no ACC. 10, Atlanta, GA.
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