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Artigo Científico |
Estudo randomizado comparando a trombectomia
reolítica com AngioJet antes do stent direto e o stent direto
isolado em pacientes com infarto agudo do miocárdio (IAM)
demonstra bons resultados – Estudo JETSTENT
Autores: Henrique B. Ribeiro e Dr. Bruno Paolino.
Resumo: O estudo JETSTENT utilizou o AngioJet, um
dispositivo que remove mecanicamente o trombo, através de
cateter, antes do implante do stent. Nesse ensaio randomizado, o
AngioJet demonstrou redução do desfecho composto de morte
cardíaca, reinfarto ou revascularização da lesão-alvo, em
relação ao implante direto do stent, nos pacientes com IAM.
Introdução: Os estudos iniciais com a utilização de
trombectomia e remoção mecânica do trombo não demonstraram
benefício. Em alguns desses estudos, inclusive, o procedimento
foi deletério. Todavia, esses ensaios foram muitas vezes
pequenos, por vezes não randomizados e sem utilização de
medicação adjunta satisfatória.
Objetivo: Avaliar a eficácia em melhorar o padrão da
reperfusão miocárdica e, com isto, reduzir eventos clínicos da
trombectomia mecânica com o AngioJet, antes do implante direto
do stent, em relação ao implante direto isolado do stent em
pacientes com IAM.
Métodos: Estudo prospectivo, multicêntrico e randomizado,
que selecionou pacientes com IAM até 12h de sintomas. Foram
excluídos pacientes submetidos à trombólise, com stent prévio no
vaso relacionado ao IAM, AVC nos 30 dias anteriores e cirurgias
recentes. Como desfecho primário, foi avaliada a diminuição do
desnível do segmento ST >50% em 30min após o procedimento, o
tamanho do IAM avaliado por cintilografia no final do primeiro
mês, o padrão de fluxo e o “blush” TIMI (que avalia a magnitude
da perfusão na microcirculação). Os desfechos secundários foram
um composto de óbito, reinfarto e revascularização da lesão-alvo
com 1, 6 e 12 meses, além de um composto de morte e internação
por insuficiência cardíaca em 12 meses.
Resultados: Foram incluídos ao todo 501 pacientes, sendo
256 para trombectomia mais stent direto e 245 para stent direto.
A média de idade dos pacientes foi de 63 anos, sendo
aproximadamente 80% homens e 14% diabéticos. O tempo médio entre
o início dos sintomas e o procedimento foi de cerca de 160min,
semelhante em ambos os grupos. Entretanto, o tempo do
procedimento foi de 60min no grupo de trombectomia, comparados
aos 46min no grupo controle (p<0,001). Foi utilizado abciximab
de rotina para todos os pacientes, e o uso de pré-dilatação foi
de cerca de 10% nos dois grupos.
A resolução do segmento ST foi de 86% no grupo trombectomia e
79% no grupo stent direto isolado (p=0,043), mas o tamanho do
infarto ao final de 30 dias foi igual nos dois grupos (12 vs.
13%, p=0,40, respectivamente). A incidência de eventos adversos
maiores aos 30 dias ocorreu em 3,1% dos pacientes do grupo
trombectomia, vs. 6,9% no grupo stent direto isolado (p<0,05).
Estes resultados foram confirmados ao final de 6 meses, também
favorecendo a extração mecânica do trombo (12 vs. 20,7%;
p=0,012). Outro dado importante do estudo foi a confirmação de
que a maior resolução do segmento ST no ECG está relacionada com
uma menor mortalidade. Nesse estudo, a mortalidade ao final de 1
mês foi de 7% nos pacientes sem resolução de ST e de 1,3%
naqueles com resolução de ST (p=0,001), e esse benefício se
confirma aos 6 meses (10 vs. 2,7%, respectivamente; p=0,003).
Houve um incremento não significativo de sangramento no grupo de
trombectomia (3,9 vs. 1,6%; p=0,123).
Conclusão: A utilização de trombectomia mecânica com
AngioJet antes de implante de stent direto foi benéfica,
melhorando o padrão de reperfusão do miocárdio em pacientes com
IAM e reduzindo eventos clínicos maiores ao final de 6 meses.
Apesar de aumentar o tempo de procedimento, o AngioJet não
parece estar associado a aumentos significativos de
complicações.
Perspectivas: A aspiração do trombo antes do implante de
stent tem se mostrado mais segura, e a eficácia clínica tem sido
comprovada em estudos maiores. A preocupação com os resultados
ruins apresentados no estudo AiMI não se confirmou no estudo
JETSTENT, o que pode ter ocorrido pela exclusão de pacientes
submetidos à trombólise e por não ter sido usado marcapasso de
rotina no último ensaio. Outros estudos mostraram benefício na
trombectomia mesmo com o uso de cateteres de aspiração mais
simples, como o cateter Export utilizado no ensaio TAPAS.
O estudo JETSTENT foi apresentado pelo Dr. David Antoniucci no
ACC.10/i2 Summit, em Atlanta, em março de 2010.
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