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Estudo ISAR-CABG: Comparação entre stent farmacológico e stent convencional para tratamento de lesões em enxertos de veia safena.

Dr. Antonio Bacelar 

Resumo: A Dra. Julinda Mehilli (Deutsches Herzzentrum, Munique, Alemanha) apresentou no congresso da American College of Cardiology 2011 o estudo ISAR-CABG, que comparou a eficácia do stent farmacológico (SF) ao stent convencional (SC) em pacientes submetidos à angioplastia de enxerto de veia safena. O SF reduziu a incidência do desfecho primário (morte, infarto agudo do miocárdio ou revascularização da lesão alvo) em comparação ao SC ao término de 12 meses.

Introdução: Os stents farmacológicos apresentam resultados superiores aos stents convencionais para o tratamento da maioria das lesões coronarianas. No entanto, o papel do SF nas lesões em enxertos de veia safena (PVS) não está bem estabelecido. Dois pequenos estudos randomizados comparando a eficácia do SF contra o SC apresentaram resultados conflitantes.

Objetivo: Comparar os desfechos clínicos entre SF e SC nos pacientes submetidos a angioplastia (ATC) de PVS no estudo ISAR-CABG (Is Drug-Eluting Stenting Associated With Improved Results in Coronary Artery Bypass Grafts). 

Métodos: Pacientes com sintomas compatíveis ou com evidência de isquemia miocárdica, na presença de estenose de pelo menos 50% em PVS, foram randomizados para realizar ATC com SF ou SC na seguinte proporção: 3:1:1:1 (3 pacientes com SC : 1 com SF eluído com sirolimus : 1 com SF eluído com paclitaxel : 1 com polímero bioabsorvível com sirolimus). O desfecho primário do estudo foi composto por morte, infarto agudo do miocárdio (IAM) ou revascularização da lesão alvo em 1 ano de acompanhamento. O desfechos secundários foram: mortalidade por todas as causas, IAM, trombose definitiva ou provável intrastent (segundo o ARC – academic research consortium) e revascularização da lesão alvo. Foi realizado comparações entre os 3 diferentes tipos de SF de acordo com os desfechos primários e secundários. Os pacientes realizaram angiografia de controle após 6 a 8 meses.

Resultados: Um total de 610 pacientes foi randomizado para realizar ATC com SC ou SF. A média etária foi de 71 anos. O grupo SC incluiu 307 pacientes, enquanto 303 foram alocados para o grupo SF. As características clínicas dos pacientes foram semelhantes entre os grupos.    A incidência do desfecho composto primário foi de 16,5% no grupo SF e de 22,1% no grupo SC [risco relativo (RR) de 0,65; IC95% 0,45-0,96; p=0,028]. A redução do desfecho composto no grupo SF foi devido principalmente à menor taxa de revascularização da lesão alvo (7,2% SF vs 12,9% SC; RR 0,52; IC95% 0,30-0,90; p=0,020). Não houve diferença nas incidências de morte (5,2% SF vs 4,7% SC; p=0,82), IAM (4,2% SF vs 6,0% SC; p = 0,27) e trombose intrastent (0,7% SF vs 0,7% SC; p=0,99).

Conclusão: O stent farmacológico apresentou eficácia superior ao stent convencional no tratamento das lesões de enxerto de veia safena, principalmente devido à redução na taxa de revascularização da lesão alvo.

Perspectivas: Vários estudos demonstraram que o SF reduz de forma significativa a reestenose intrastent e a necessidade posterior de revascularização do vaso alvo em comparação ao SC. Embora isso se aplique à maioria dos pacientes, a hiperplasia miointimal e a reestenose de stent não foram totalmente eliminadas, e  acontecem com maior frequência em certos subgrupos de alto risco, como os diabéticos, em lesões de  bifurcação e em lesões de PVS.

Até o presente momento, não existia nenhum estudo randomizado de grande porte para avaliar a eficácia do SF em pacientes com lesão de PVS. O estudo ISAR-CABG demonstrou que o uso de SF para tratamento de PVS é mais efetivo que o SF, principalmente em diminuir a taxa de revascularização da lesão alvo (aproximadamente 50%), além de apresentar taxas semelhantes de mortalidade e de trombose intrastent. Portanto, o SF constitui-se em alternativa atraente para o tratamento desse subgrupo de pacientes de alto risco. 

Referência: Long-Term Outcomes after Use of Drug-Eluting Stents and Bare Metal Stents for the Treatment of Saphenous Vein Graft Lesions: Results of the Randomized - ISARCABG Trial. Apresentado pela Dra. Julinda Mehilli no congresso da American College of Cardiology 2011.

 

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