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Yoga previne episódios de fibrilação atrial paroxística

Dra. Fernanda Seligmann Feitosa e Dr. Ricardo Moraes           

Resumo: Estudo apresentado hoje no Congresso do American College of Cardiology (60th Annual Scientific Session) pelo Dr. Lakkireddy, da Universidade de Kansas, demonstrou que a prática de yoga ajuda a prevenir episódios de fibrilação atrial paroxística, além de melhorar a qualidade de vida e os sintomas de palpitação, ansiedade e depressão nos portadores desta enfermidade. 

Introdução: A fibrilação atrial (FA) é a arritmia mais comum no mundo todo, com impacto médico, psicossocial e econômico. Estudos recentes demonstram os benefícios cardiovasculares da prática de yoga. “A prática de yoga é utilizada para controle de muitos fatores de risco cardiovasculares, incluindo hipertensão arterial, hipercolesterolemia, espesssamento das artérias, estresse, e inflamação” afirma o Dr. Lakkireddy. Este estudo avaliou o efeito da yoga no controle dos sintomas, na ansiedade e nos níveis de depressão em pacientes com FAP.

Métodos: Este foi um estudo prospectivo, realizado em um único centro. Foram incluídos 52 pacientes (49 concluíram o estudo) com FAP sintomática, sem limitação física para a prática de yoga. Na primeira fase do estudo, que durou três meses, foi realizado um controle, quando os pacientes podiam realizar as atividades físicas que eles desejassem. Na fase seguinte, os participantes iniciaram um programa de yoga supervisionado (sessões de 45 minutos, 3 vezes por semana, por mais 3 meses). A atividade consistia de exercícios respiratórios, asanas (posições), meditação, e relaxamento. Nas duas fases do estudo foram avaliados os níveis de ansiedade e depressão, a qualidade de vida, e o número de episódios de FAP.

Resultados: A prática de yoga reduziu significativamente o número de episódios de FAP quando comparada à fase de controle (3,8±3 vs 2,1 ± 2,6;  p<0,001). Somado a isso, a prática de yoga reduziu os níveis de depressão e ansiedade medidos por um sistema de pontuação (Zung Scoring System) (p<0,001).  A prática de yoga também foi capaz de melhorar a qualidade de vida dos pacientes em comparação à fase controle, com melhora da maioria dos aspectos avaliados (capacidade física e emocional, dor corporal, saúde geral e mental, vitalidade e sociabilização)

Conclusões: A prática de Yoga promove diminuição dos episódios paroxísticos de FA, das queixas de palpitações, de ansiedade, depressão, e melhora a qualidade de vida dos pacientes com FAP.

Perspectivas: A fibrilação atrial, arritmia mais comum na população global, tem importante peso tanto para pacientes quanto para o sistema de saúde. A sua prevenção e tratamento envolvem um grande arsenal terapêutico, que abrange terapia comportamental, medicamentosa (antiarrítmicos e anticoagulantes), e invasiva (ablação por cateter). Apesar de todas essas ferramentas, entretanto, o controle dos episódios de FA e dos seus sintomas ainda é difícil, com grande porcentagem de recorrências. Neste sentido, o estudo apresentado no ACC_11 é importantíssimo, já que atua não só no controle dos episódios de FAP, mas também de palpitações, da qualidade de vida e da ansiedade e depressão, que podem servir como fatores desencadeantes da arritmia. A prática de yoga a partir de hoje pode ser recomendada, com evidência cientifica, como uma estratégia acessível, não-invasiva, segura e efetiva para a prevenção de FA paroxística.

Referência: Impact of Yoga on Arrhythmia burden and Quality of Life (QoL) in Patients with Symptomatic Paroxysmal Atrial Fibrillation: The Yoga My Heart Study. Apresentado pelo Dr. Dhanunjaya Lakkireddy no American College of Cardiology 2011 Scientific Sessions.

 

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