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HDL baixo em crianças e associação com risco cardiovascular

Dr. Bruno Paolino, Dr. Ricardo Moraes e Dr. Roberto Rocha Giraldez.

Resumo: A Dra. Elizabeth Jackson apresentou hoje, no Congresso do American College of Cardiology e i2 Summit 2011, em Nova Orleans, um estudo que avaliou a prevalência do HDL baixo em crianças e sua associação com risco cardiovascular na idade adulta. Ela afirmou que “a doença cardiovascular tem fatores precoces que podem ajudar a identificar os jovens e adolescentes com risco maior de desenvolver problemas cardiovasculares”.

Introdução: Os níveis séricos de HDL estão inversamente associados com o risco de doença cardiovascular em adultos devido a um efeito anti-inflamatório, antiaterogênico e antitrombótico dessa fração do colesterol. Estudos clássicos demonstraram que a aterogênese se inicia precocemente, ainda na infância, porém não avaliaram se há relação entre o início precoce e a prevalência do HDL baixo em crianças e adolescentes.

Objetivo: Avaliar a prevalência de HDL baixo (≤ 40mg/dL) em crianças e a correlação desta com outros fatores de risco cardiovasculares e estilo de vida.

Métodos: Foram incluídos 1104 estudantes do sexto ano selecionados a partir do Project Healthy Schools, um programa de avaliação em escolas do estado de Michigan, nos EUA. Foram medidos os níveis lipídicos e glicêmicos, índice de massa corpórea (IMC), pressão arterial e frequência cardíaca, alem de preenchido um questionário padrão de avaliação sobre dieta, exercício e sedentarismo das crianças. Estes perfis obtidos foram comparados entre crianças com níveis reduzidos de HDL (abaixo de 40mg/dL) e aquelas com HDL acima deste valor.

Resultados: Níveis reduzidos de HDL foram encontrados em 177 estudantes (16,6% da população de estudantes avaliados). Destes, 50,8% tinham pelo menos dois critérios de síndrome metabólica em adolescentes, definidos pelo programa nacional de educação sobre o colesterol (NCEP). Quando comparados com os estudantes com HDL alto, o grupo HDL baixo tambem apresentou níveis séricos mais elevados de LDL (95,53 ± 27,32mg/dL vs 87,90 ± 24,72mg/dL; p=0,009), triglicérides (175,01 ± 102mg/dL vs 111,88 ± 67,16mg/dL; p=0,001), IMC (22,93 ± 5,05Kg/m2 vs 19,54 ± 3,70 Kg/m2; p=0,001), pressão arterial sistólica e diastólica médias (respectivamente 110,88 ± 11,47mmHg vs 107,98 ± 11,16mmHg; p=0,002 e 66,01 ± 8,90mmHg vs 63,67 ± 7,74mmHg; p=0,001), frequência cardíaca no repouso (84,34 ± 11,30 bpm vs 80,22 ± 10,81 bpm, p=0,001) e recuperação da frequência cardíaca (110,72 ± 18,13 bpm vs 103,39 ± 17,38 bpm; p=0,001). Além disso, os estudantes com níveis reduzidos de HDL participaram menos de atividades físicas semanais moderadas ou intensas (respectivamente 4,02 ± 2,13 vs 4,53 ± 2,01, p=0,003 e 2,99 ± 2,39 vs 3,41 ± 2,29, p=0,032).

Conclusões: Na população de crianças em fase escolar, há uma alta prevalência de indivíduos HDL baixo e este fator associa-se ao sedentarismo, excesso de peso, aumento dos níveis de triglicérides e aumento dos níveis pressóricos. O HDL, desta forma, parece ser um bom exame de detecção de indivíduos com aumento de fatores de risco cardiovasculares.

Perspectivas: Embora o tema ainda necessite de estudos longitudinais, este estudo sugere que o colesterol possa ser um método eficiente para estratificar e intervir precocemente em crianças e, com isso, ajudar a reduzir o risco cardiovascular ao longo da vida. Resta saber se há melhor teste para estratificação destas crianças e qual o melhor momento para o início desses testes. De qualquer forma, em decorrência da  epidemia de obesidade infantil e o aumento da síndrome metabólica, hipertensão arterial e doença cardiovascular nos últimos anos, a Academia Americana de Pediatria adotou em suas diretrizes(2008), o screening de colesterol para crianças com história familiar de hipercolesterolemia ou excesso de peso, independente de outros fatores. O National Heart Lung and Blood Institute recomenda  que o screening deva começar a partir dos 2 anos em crianças com história familiar de hipercolesterolemia (colesterol total>240 mg/dL) ou de doença cardiovascular precoce.

Referência: Decreased High Density Lipoprotein Cholesterol in a Cohort of 6th-Grade Children: Association with Cardiovascular Risk Factors and Lifestyle Behaviors, apresentado pela Dra. Elizabeth Jackson no ACC e i2-Summit 2011.

 

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