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Estudo evidencia aterosclerose coronária em múmias do Egito antigo

Dr. Ricardo Moraes, Dr. Roberto Giraldez

Um grupo de pesquisadores americanos e egípcios identificou o caso mais antigo de aterosclerose coronária em uma princesa que morreu por volta dos 40 anos e viveu entre 1580 e 1550 ac. Estudo apresentado no Congresso do American College of Cardiology e i2 Summit mostrou uma série de casos demonstrando aterosclerose em múmias de 1800 a 3800 anos de idade. Publicações prévias já haviam mostrado evidências de aterosclerose nos egípcios antigos, mas esse estudo mostra que essa alteração parece mais comum do que se pensava antigamente. Esse estudo, que realizou tomografias computadorizadas em múmias egípcias, identificou evidências sugestivas de aterosclerose em 45% das 52 múmias estudadas de forma bastante similar aquela encontrada atualmente (foi possível diferenciar o coração ou as artérias apenas em 44 delas).

A aterosclerose foi identificada principalmente em grandes artérias, incluindo a aorta abdominal (Figura 1), porém 7% das múmias também tinham obstrução coronária e 14% possuíam lesões obstrutivas cerebrais ou carotídeas. Apesar dos pesquisadores não poderem determinar a causa exata de morte, historiadores já descreveram relatos de dor torácica em pergaminhos escritos no antigo Egito.

Figura 1. Princesa egípcia, aproximadamente 40 anos, de 1550 a 1580 a.C. (Figura retirada da apresentaçãooriginal)

Este estudo nos ajuda a entender melhor os mecanismos etiopatogênicos da aterosclerose, indo contra a crença prévia de que a doença arterial coronariana é resultado do estilo de vida moderno. O fato de que a antiga elite egípicia apresenta evidências de aterosclerose, apesar de possuir hábitos mais saudáveis que o homem moderno (menor consumo de carnes vermelhas, melhor dieta, ausência de tabagismo, maior atividade física), corrobora o importante papel da genética na patogênese da aterosclerose.

Se por um lado os achados deste estudo sugerem que a doença aterosclerótica tem um importante cunho genético, por outro reafirmam a universalidade da doença e a necessidade de agirmos de maneira ainda mais agressiva nos fatores de risco modificáveis, de forma a prevenir ou pelo menos minimizar o impacto da aterosclerose.

 

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