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Pressão de pulso pode predizer efeito do jaleco branco

Dr. Ricardo C. Moraes e Dr. Humberto Graner 

Resumo: Foi apresentado hoje no Congresso do American College of Cardiology/I2 Summit 2011, o estudo coreano que demonstrou a correlação entre pressão de pulso e efeito do jaleco branco em pacientes hipertensos em tratamento regular. O autor Dr.Ahn afirmou que “Baseado nos nossos achados, se um paciente tem elevação da pressão arterial no consultório com aumento da pressão de pulso, nós podemos considerar o efeito do jaleco branco antes de recomendarmos aumento dos agentes anti-hipertensivos”

Introdução: O efeito do jaleco branco é considerado quando se detectam níveis elevados de pressão arterial no consultório médico em comparação aos valores de pressão verificados em medidas feitas em casa ou outros locais. Esse efeito está provavelmente associado à ansiedade relacionada à visita médica. Este estudo avaliou possíveis fatores preditores do efeito do jaleco branco em pacientes hipertensos em tratamento regular na Coréia do Sul.

Métodos: Foram incluídos 1087 pacientes, idade média de 57 anos + 10 anos, 52% de mulheres, em tratamento regular da hipertensão em hospitais universitários. A medida residencial da pressão arterial foi orientada como uma medida diária matinal e vespertina por 2 semanas. O efeito do jaleco branco foi definido como positivo quando havia uma diferença acima de 20 mmHg na pressão sistólica e 10 mmHg na diastólica entre a medida domiciliar e ambulatorial. Além disso, foi avaliada a associação entre jaleco branco e idade, fatores de risco cardiovasculares, dano de órgão-alvo, pressão arterial sistólica e diastólica, pressão arterial média, freqüência cardíaca e pressão de pulso.

Resultados: Foi verificado o efeito do jaleco branco em 31% dos pacientes, com aumento de 9,8 + 14,8 mmHg na pressão sistólica e 3,4 + 9,2 mmHg na diastólica Não houve associação significativa com idade e sexo. A presença de história familiar de doença cardiovascular precoce correlacionou-se com o efeito do jaleco branco (p=0,045 na sistólica, p=0,010 na diastólica). Ao contrário, houve correlação negativa com tabagismo (p=0,026 na sistólica, p=0,022 na diastólica) e lesão de órgão-alvo (p=0,002 na sistólica, p=0,004 na distólica). A pressão de pulso correlacionou-se positivamente com o efeito do jaleco branco tanto na pressão sistólica (p<0,001) quanto diastólica (p=0,037). Na análise multivariada, a pressão de pulso foi uma variável independente para aumento da pressão pelo efeito do jaleco branco (ß=0,573, p<0,001 na sistólica, ß=0,092, p<0,001 na diastólica).

Conclusões: Os achados deste estudo sugerem que a medida da pressão de pulso pelos médicos pode predizer o efeito potencializador do jaleco branco, o que poderia ajudar em um melhor controle do tratamento anti-hipertensivo destes pacientes.

Perspectivas: Estudos prévios demonstram que 20-50% dos pacientes portadores de hipertensão arterial sistêmica podem apresentar o efeito do jaleco branco, resultando em aumento desnecessário dos medicamentos antihipertensivos. Somado a isso, algumas evidências apontam que a hipertensão do jaleco branco pode ser um sinal do risco de desenvolver hipertensão no futuro e, com isso estes pacientes devem ser monitorados.  Outros futuros estudos, com seguimento a longo prazo, devem ser realizados para demonstrar o valor prognóstico da pressão de pulso no efeito do avental branco.

Referência: Can Pulse Pressure Predict White Coat Effect in Treated Hypertensive Patients?, apresentado pelo Dr. Ahn no ACC/I2 Summit 2001

 

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