Dr. Bruno Paolino
Resumo: O Dr. Chaudhry apresentou hoje, durante o congresso da American Heart Asociation, em Chicago, nos EUA, um estudo sobre o telemonitoramento dos pacientes com insuficiência cardíaca (IC). Neste estudo, o monitoramento através de uma central telefônica para receber os dados do paciente e remetê-los a médicos à distância não foi capaz de reduzir readmissões e morte, quando comparado ao acompanhamento padrão da insuficiência cardíaca.
Objetivo: Avaliar a eficácia do telemonitoramento como estratégia de acompanhamento dos pacientes portadores de IC após a alta hospitalar, em relação ao seguimento usual.
Métodos: O estudo foi prospectivo, randomizado e controlado, incluindo 1653 pacientes em 33 centros dos EUA. Estes pacientes haviam sido hospitalizados por IC e foram randomizados após a alta para o acompanhamento padrão (n=827) ou para o telemonitoramento (n=826), o que consistiu em uma central telefônica interativa que recebia diariamente os dados de sintomas e peso dos pacientes e os remetia para os médicos assistentes. O desfecho primário do estudo foi morte e readmissão em 180 dias após a inclusão. Como desfechos secundários, foram incluídos hospitalização por IC, números de dias de hospitalização e número de hospitalizações.
Resultados: O desfecho primário ocorreu, respectivamente, em 52,3 e 51,5% dos pacientes do grupo do telemonitoramento e do grupo acompanhamento padrão (diferença 0,8 pontos percentuais [p.p.]; IC 95% -4,0 a 5,6; p=0,75). A readmissão ocorreu, respectivamente, em 49,3 e 47,4% dos pacientes (diferença 1,9 p.p.; IC 95% -3,0 a 6,7; p=0,45) e a morte em 11,1 e 11,4% (diferença 0,2p.p.; IC 95% -3,3 a 2,8; p=0,88). Também não houve diferença significativa entre os dois grupos nos desfechos secundários e seus componentes. Não foram relatados eventos adversos em nenhum dos grupos.
Conclusão: O telemonitoramento no tratamento de pacientes com IC não foi capaz de diminuir morte e re-hospitalização. Não houve, porém, eventos adversos em nenhuma das estratégias.
Perspectivas: O estudo foi muito importante por mostrar igualdade entreas estratégias para o tratamento dos pacientes portadores de IC após a alta hospitalar, entre o acompanhamento padrão, realizado em consultas médicas regulares, e o telemonitoramento à distância através da participação intensiva do paciente em informar por telefone o quadro clínico. Porém, o mais importante foi mostrar que não houve eventos adversos relacionados a nenhuma das estratégias, as tornando viáveis. Desta forma, o melhor acompanhamento do paciente após a alta hospitalar pode ser individualizada, levando em conta a disponibilidade do serviço de saúde e o grau de engajamento do paciente ao seu tratamento. Os resultados do estudo reforçam a importância de uma avaliação independente e detalhada do perfil do paciente, do estágio da doença e da estrutura da instituição para decidir a melhor estratégia a ser adotada.
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