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Dal-Vessel: Eficácia e segurança do dalcetrapibe em pacientes com doença arterial coronariana (28/08/2011 11:15)

Autor: Dr. Humberto Graner Moreira

Introdução: Com a eficácia bem estabelecida das estatinas em diminuir LDL, vários esforços recentes tem focado na tentativa de aumentar os níveis de HDL e, adicionalmente, reduzir eventos coronários com isso. O dalcetrapib é um novo inibidor da proteína transferidora de colesteril éster (CETP) ainda em avaliação quanto à segurança.

Objetivos: Avaliar a eficácia e segurança do dalcetrapib na disfunção endotelial, comparado com placebo.

Métodos: Estudo de fase IIb, randomizado, duplo-cego, placebo-controlado, que incluiu pacientes com doença arterial coronariana estabelecida ou de alto risco para a mesma. Após um período de 8 semanas de ajuste da medicação hipolipemiante, pacientes elegíveis foram randomizados 1:1 para receberem dalcetrapib 600mg ou placebo por um período de 36 semanas. A função endotelial foi verificada através de dilatação braquial fluxo-mediada (FMD).

Resultados: Foram randomizados 472 pacientes, média de idade de 61 anos, 90% homens. Do total, 45% tinham diabetes, 74% eram hipertensos, 65% possuíam doença arterial coronariana estabelecida e 9% tinham doença arterial periférica. Estatina foi usada concomitantemente em 95%. A média do colesterol total, LDL e HDL foi 149,3; 80,1 e 38,7 mg/dL, respectivamente.

Após o seguimento, dalcetrapib reduziu CETP em 49% e aumentou os níveis de HDL em 31% sem afetar a função endotelial óxido nítrico dependente. Os marcadores de inflamação e estresse oxidativo foram similares em ambos os grupos. A alteração na pressão arterial sistólica média, aferida pela MAPA, também não foi significativa entre os grupos dalcetrapibe e placebo (respectivamente, 0,87 vs 0,22 mmHg, p=0,34).

Conclusão: Os resultados deste estudo de fase II indicam que o dalcetrapibe não se associa com alteração na função endotelial nem com alterações na pressão arterial, além de serem bem-tolerados.

Perspectivas: Após o fiasco do torcetrapibe, com interrupção prematura dos estudos ILLUSTRATE e ILLUMINATE, os inibidores da CETP foram colocados em cheque sobre sua eficácia e segurança. A apresentação do estudo DEFINE no congresso do AHA 2010, com resultados positivos do anacetrapibe, reacendeu a esperança nesta classe de medicamentos como adjuvante no manejo das dislipidemias.

O dalcetrapibe é uma nova molécula cujos resultados iniciais, incluindo este estudo de fase II, tem mostrado, pelo menos, que esta medicação é segura. A manutenção dos níveis pressóricos com o dalcetrapibe neste ensaio foi importante, tendo em vista que este era um aspecto de preocupação em relação aos inibidores da CETP. No entanto, ao assumir a medida da dilatação braquial fluxo-mediada como desfecho primário, possivelmente os investigadores esperavam melhora na função endotelial, o que não aconteceu. Portanto, se apenas o aumento do HDL pode resultar em melhora nos resultados clínicos ainda é uma pergunta que será respondida por estudos maiores de fase III com o dalcetrapibe, já em andamento.

Referência: A Randomized, Placebo-Controlled Study of the Safety, Tolerability, and Effect on Endothelial Function, as Measured by Flow-Mediated Dilatation, of RO4607381 in Patients With Coronary Heart Disease (CHD) or CHD Risk Equivalents. Apresentado pelo Dr. T. Luescher no Congresso ESC 2011, Paris, França.

 


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