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A raiva prediz mortalidade em longo prazo para os pacientes com IAM (29/08/2011 09:40)

Autor: Dr. Bruno Paolino

Resumo: Este estudo demonstrou que a raiva e o estresse estão associados a um maior número de eventos cardiovasculares em pacientes com episódio prévio de infarto agudo do miocárdio (IAM) após seguimento de 10 anos.

Objetivo: Determinar os traços de personalidade associados com pior prognóstico de doença arterial coronariana.

Metodologia: O estudo incluiu 228 pacientes hospitalizados em 13 unidades coronarianas da Itália entre 1990 e 1995 com o diagnóstico de IAM. Antes da alta hospitalar, os pacientes foram submetidos a uma avaliação psicológica utilizando o Questionário de 16 fatores de personalidade de Cattell e o inventário PSY. Essas avaliações medem traços de personalidade como responsabilidade, vigor, comportamento obsessivo, raiva, distúrbios do estresse e urgência de tempo. O desfecho primário do estudo foi novo evento de IAM e morte e o período de seguimento é de 10 anos. Os resultados foram ajustados para idade, sexo, fatores de risco cardiovasculares tradicionais, pico de marcadores de necrose miocárdica, variabilidade da frequência cardíaca e a disfunção ventricular esquerda.

Resultados: Após 10 anos de seguimento, ocorreram 51 eventos coronarianos. Com todos os ajustes realizados, os únicos traços de personalidade associados à predição de eventos foram a raiva e o distúrbio do estresse, com um risco relativo de 2,3 e 1,9, respectivamente. Após 10 anos de seguimento, a sobrevida livre de eventos foi de 57,4% em pacientes com personalidade associada à raiva e 78,5% nos pacientes sem a característica (p=0,0025).

Conclusões: Em pacientes com IAM prévio, a raiva e o estresse se associam a uma taxa maior de recorrência de IAM e morte, quando comparados aos pacientes sem estes traços de personalidade.

Perspectivas: Os resultados demonstrados pelo Dr. Franco são importantes e corroboram dados publicados previamente publicados, como a meta-análise publicada em 2009 no JACC (J Am Coll Cardiol 2009;53:936-46), que incluiu 25 estudos demonstrando a raiva e a hostilidade como fatores de risco para eventos isquêmicos, tanto em indivíduos saudáveis quanto em pacientes coronarianos. Não se sabe exatamente o mecanismo da doença coronariana associada a estes pacientes: se é devido a fatores orgânicos, como o aumento dos níveis séricos de adrenalina e distúrbios neurogênicos decorrentes da ativação simpática excessiva; ou se há contribuição crônica de hábitos auto-destruidores, como sedentarismo, libações alcoólicas e alimentares. Também não há resposta para se o traço de personalidade deve ser encarado como marcador de pior prognóstico, ou se há a possibilidade de se atenuar o risco através de terapia psicológica especializada.

Referência: Anger predicts long-term mortality in patiets with myocardial infaction. Apresentado pelo Dr. Franco Bonaguidi, psicólogo da equipe de cardiologia do Instituto de Fisiologia Clínica de Pisa, Itália, no primeiro dia do congresso europeu de cardiologia de 2011, em Paris, na França.

 


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